terça-feira, 12 de junho de 2012

AINDA NÃO É CLARO QUEM SERÁ
O CANDIDATO DO PS À CÂMARA

por José Carlos Lima (*)

«O voto dos jovens, muitos dos quais inscritos recentemente, dilataram a vitória de Vítor Sousa sobre António Braga, nas últimas eleições para a Comissão Política Concelhia de Braga. A candidatura de Vítor Sousa/Hugo Pires ganhou em todas as mesas de voto, mas foram as “Mesas 3 e 4”, onde se concentraram os cerca de 1500 novos inscritos, que alargaram a margem de votos, o que impede uma eventual disputa de “diretas” por António Braga.
Entretanto, entre a lista vencedora «ainda não é claro quem será o candidato à Câmara», embora Vítor Sousa se tenha manifestado disponível. Os jovens afetos a Hugo Pires parecem continuar a alimentar a ambição de ver o “supervereador” a disputar a Câmara com Ricardo Rio.
Mais de uma semana depois do ato eleitoral para o PS/Braga, mantém-se atual a pergunta feita diversas vezes por António Braga: «Afinal, quem é o candidato à Câmara?». Na verdade, Vítor Sousa ganhou as eleições com uma margem superior a dois terços (71,3 por cento), face a António Braga (que recolheu apenas 28,7 por cento), mas a “federação de apoios” parece ter terminado no momento da contagem dos votos, com os 44 eleitos a repartirem-se entre fiéis ao vice-presidente, fiéis ao “número dois” da lista Hugo Pires e fiéis ao edil Mesquita Machado, cuja filha ocupou a
terceira posição.
Assim, depois de uma vitória esmagadora – que os críticos internos atribuem aos “novos socialistas”, que já haviam determinado as eleições para a JS – mantêm-se as «dúvidas sobre as condições de Vítor Sousa» liderar a lista à Câmara, embora este tenha tido a seu lado todos os atuais vereadores em funções.
Na verdade, a união com Hugo Pires «sempre foi vista como “contranatura”» por parte de muitos jovens, que pretendem «uma renovação clara» da atual liderança municipal e que nunca deram por “encerrada” a escolha do sucessor de Mesquita à Câmara.
Agora que a vitória está consumada, muitos apoiantes de Hugo Pires insistem na necessidade de «realizar eleições diretas» para a escolha do melhor candidato à Câmara, valendo-se do facto de o atual vereador do Urbanismo ter alegadamente 22 elementos da Comissão Política afetos a uma propositura sua para as eleições autárquicas de 2013.
Na verdade, se dispuser de tal apoio, o “super-vereador” pode mesmo despoletar as diretas, por ter mais de um terço da Concelhia do seu lado, o que não acontece com António Braga, que elegeu apenas 17 conselheiros.
Várias fontes socialistas garantem também que «não há nenhum acordo pré-estabelecido» entre Vítor Sousa e Hugo Pires sobre quem será o candidato à Câmara, mas defendem que «quanto mais rápido for escolhido o cabeça de lista melhor será para o PS», pois a Coligação há muito que tem como certa a candidatura de Ricardo Rio.
Além de Vítor Sousa e Hugo Pires, entre os potenciais candidatos podem surgir ainda os nomes de Nuno Alpoim (número quatro da lista) ou um independente, como o vice-reitor José Mendes.

SOCIALISTAS RECÉM-INSCRITOS
"ESMAGARAM" ANTÓNIO BRAGA

Foi entre os jovens, sobretudo mobilizados pelo filho Pedro Sousa e pelo vereador Hugo Pires, que Vítor Sousa conseguiu o maior apoio nas últimas eleições para a Comissão Concelhia do PS. No total, votaram 2118 militantes, representando uma participação de 76 por cento num universo de 2805, mas «quase 1500 inscritos tornaram-se socialistas recentemente», tendo sido decisivos nas últimas eleições para a JS e agora para o PS.
No total, Vítor Sousa obteve 1.490 votos contra 608 votos em António Braga, mas a maior disparidade de resultados foi registada na “Mesa 3”, com 474 votos, contra apenas 37, e a na “Mesa 4”, com 341 votos contra 134. Foram os jovens, que fonte da lista opositora garante terem sido «angariados nas claques do Braga, em torneios de futsal e nos bairros sociais», que ditaram a vitória absoluta do atual vice-presidente.
Já na “Mesa 2”, Vítor Sousa venceu por 357 votos contra 184, e na “Mesa 1” (dos militantes mais antigos) ganhou com 317 contra 253. A disparidade da votação entre as várias mesas de voto, foi já questionada no debate interno, a que outras fontes juntam o facto de, durante todo o dia, a candidatura vencedora ter «disponibilizado transporte particular», com carrinhas de uma empresa bracarense, para levar os militantes até à sede do PS, sendo convidados a passarem antes e depois por um espaço de diversão, onde lhes era disponibilizado «um serviço de catering».
Oficialmente, a candidatura derrotada não questiona os resultados, mas várias pessoas afetas ironizam dizendo que os estatutos «não proíbem que se alimente ou transporte os apoiantes». Em todo o caso, referem que muitos dos novos inscritos (até seis meses antes das eleições e que só precisavam de pagar seis euros de quotas) «detinham moradas e contactos fictícios, por forma a impedir o contacto por parte dos adversários».

(*) Trabalho jornalístico publicado na edição de 12 de Junho de 2012 no "Diário do Minho"

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